AQUEDUTO DE LOURES – ADAL E JUNTA DE FREGUESIA DE LOURES CONSERTAM ESFORÇOS

No dia 6 a ADAL reuniu com a Junta de Freguesia de Loures – Presidente do executivo, António Pombinho e Vogal Cristina Capitão – para uma troca de impressões sobre possíveis medidas a tomar com a finalidade de consolidar, preservar, valorizar e divulgar as estruturas ainda visíveis do Aqueduto de Loures, bem como a fonte das Almoínhas.

O Aqueduto de Loures, edificado no século XVIII, desde o Planalto da Caldeira até à estrada real, onde ainda hoje se encontra o Chafariz Monumental (Largo 4 de Outubro), permitiu, à época, um acesso mais fácil da população de Loures à água potável. A evolução da cidade e a expansão da construção de edifícios de habitação e de serviços, conduziu à eliminação de partes do Aqueduto, mas algumas das suas estruturas ainda se mantêm, sendo possível visitar o seu interior em alguns locais.

Depois desta primeira troca de impressões, ficou estabelecido delinear conjuntamente um programa de acção que envolva a comunidade e entidades locais no compromisso de valorização deste exemplar do património construído da cidade.

À descoberta do Forte de Sacavém

No quadro da iniciativa da ADAL, PELOS TRILHOS DO PATRIMÓNIO E DA NATUREZA,
no passado dia 24 de Junho, realizou-se uma visita ao Reduto do Monte-Cintra – Forte de Sacavém.

O programa, entre as 10 e as 13 horas, previa os seguintes passos:
1 – Boas vindas
2 – Início da visita ao Forte de Sacavém
3 – Visita à Exposição de Eduardo Nery
4 – Fim da visita ao Forte e início de um percurso pedonal (rio Trancão / painel de azulejos de Eduardo Nery / observação e análise de aspectos da requalificação da frente ribeirinha / estação ferroviária / regresso ao ponto de partida)

Dadas as boas vindas ao numeroso grupo participante, a recepção para a visita foi por Ana Carvalho Dias e João Nuno Reis, ambos técnicos da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC).

Foi-nos historiada a vida desta construção militar oitocentista, localizada num pequeno morro (denominado Monte Cintra), edificada no âmbito das obras de fortificação de Lisboa. Este reduto, detentor de uma posição estratégica privilegiada, era um importante apoio aos fortes de Almada e de São Julião da Barra, defendendo a linha de rio até Sacavém, bem como o vale de Odivelas e a serra de Monsanto.

A planta pentagonal irregular é circundada por um fosso e toda a sua estrutura cria a ilusão de um pequeno outeiro o que o torna quase invisível quando visto de uma altitude mais baixa.

Terminada a função militar, hoje, o Forte de Sacavém guarda dois dos maiores arquivos de património cultural e de arquitectura do país: o arquivo do Sistema de Informação para o Património Arquitetónico (SIPA) com um espólio documental composto por mais de um espólio documental composto por mais de 12 quilómetros de prateleiras de processos administrativos e de obra, 2 milhões de peças desenhadas e dois milhões de fotografias de edifícios e monumentos nacionais, bem como 50 Arquivos pessoais e espólios de destacados arquitetos, engenheiros, urbanistas e paisagistas como os de Gonçalo Ribeiro Telles, António Vianna Barreto ou Francisco Caldeira Cabral (1ª geração de arquitetos paisagistas portugueses).

Tudo isto nos foi explicado e mostrado com a muita competência e o muito entusiasmo dos técnicos da DGPC que há décadas salvaguardam todo o interior deste Tesouro.

O segundo momento da visita foi à “Exposição Eduardo Nery – Evocação da sua memória e legado.”
Notáveis. A concepção museográfica da Exposição, e, através dos trabalhos expostos a vida e obra de Eduardo Nery. Patente até 2 de Setembro, com visitas livres, a exposição é acompanhada de uma vasta programação a acontecer em diversos locais.
Ainda nos foi possível percorrer o exterior do Forte e apreciar a imensa vista sobre os rios Trancão e Tejo, as urbes de Sacavém, Parque das Nações e Bobadela, e observar as modificações que estão a acontecer nos terrenos para a recepção do evento católico
(JMJ).

A visita inicialmente prevista para uma hora e quinze minutos, dada a muita competência e o muito entusiasmo de Ana Carvalho Dias e João Nuno Reis (como já havíamos sublinhado) teve a duração aproximada de três horas. E zero cansaço.
Ficou assim por realizar o último item do programa inicialmente previsto: “início de um percurso pedonal (rio Trancão) / painel de azulejos de Eduardo Nery / observação e análise de aspectos da requalificação da frente ribeirinha / estação ferroviária”.

Mas, considerando que a ADAL tem na sua Missão contribuir e estar atenta à boa preservação do Ambiente e do Património, este item poderá acontecer após as JMJ …

Mesa redonda “Castelo, que futuro?”

A ADAL esteve presente na mesa-redonda realizada no Castelo de Pirescouxe do dia 11 de Fevereiro, a convite da entidade promotora, a ADPAC – Associação Defesa do Património Ambiental Cultural de Santa Iria da Azóia. A mesa-redonda visou promover um debate sobre o futuro do Castelo como equipamento cultural e imóvel de interesse histórico, bem como refletir sobre possíveis modelos de gestão mais participativos.

Esta iniciativa encerrou a exposição ” O Morgadio do Castelo – Memórias , Identidade e Ordenamento de um Território (Apontamentos )”, a qual resultou de um trabalho de parceria entre a referida associação, a Câmara Municipal de Loures (Unidade de Património e Museologia) e vários investigadores.

A exposição apresenta novos conteúdos sobre a constituição do Morgadio da família Castelo Branco “O Novo”, em 1442, e a estratégia que esta família seguiu ao longo de gerações visando alargar os limites da propriedade até à margem do Tejo, tendo mesmo conseguindo explorar salinas; mas, também, a história da ocupação deste território até à contemporaneidade, com a implantação da COVINA e do bairro destinado aos trabalhadores desta unidade fabril.

Para mais informação, sugerimos a consulta da monografia “O Morgadio do Castelo”,  sobre o Morgadio do Castelo de Pirescoxe e a história do território até à contemporaneidade.

Discussão pública da proposta de delimitação da Unidade de Execução da Quinta da Massaroca – Parecer da ADAL

No passado dia 27 de Dezembro, a ADAL remeteu ao Município de Loures parecer no âmbito da discussão pública da proposta de delimitação da Unidade de Execução da Quinta da Massaroca, com um conjunto de observações e sugestões que passamos a apresentar publicamente:

Nota prévia
A hierarquia do sistema urbano do RPDM atribui a esta Quinta, o Nível I – perímetros urbanos de maior centralidade e importância no sistema urbano do concelho de Loures.
As coordenadas geográficas da Quinta da Massaroca obrigam a ter planos de urbanização e de pormenor, para cumprir os objectivos e parâmetros urbanísticos.
Todos os procedimentos e salvaguardas legais visam contribuir naquela área geográfica do concelho, para alguns objectivos do PDM de Loures, concretamente, a salvaguarda da estrutura ecológica municipal, a reabilitação de construções com valor patrimonial na Quinta e ainda a requalificação da rede viária local.
A Quinta da Massaroca, desde o século XVII propriedade de famílias ilustres, até aos últimos proprietários, é detentora de assinalável História.
Para os habitantes locais, todo este percurso histórico, ambiental e patrimonial, torna-a um exemplar de forte significado e Memória.

Aproximação
Impõe-se, no processo em análise:
 Adopção da visão, modelo e critérios do PDM Loures para a zona a construir
 Assegurar a integração da área verde, de cedência obrigatória, na Estrutura Ecológica Municipal
 Garantir o máximo de usufruto possível pela população, atendendo ao contexto de densidade de ocupação do território, habitação e actividades económicas de toda a zona envolvente, bem como os valores patrimoniais ali plasmados
 Definir e orientar as necessidades de equipamentos colectivos que servirão a população a instalar, designadamente, equipamentos educativos, equipamentos de saúde e outros de necessidade básica de bem estar social e cultural
 Acautelar a inevitável sobrecarga viária da EN10 com entradas e saídas da via amigáveis, mas sobretudo, pugnando por viabilizar deslocações por meios de transporte alternativos ao transporte individual
 Garantir a ligação entre as duas áreas que constituem a Quinta, sem atravessamentos superficiais de ruptura na EN 10
 Garantir, absolutamente, o acompanhamento técnico, ambiental, patrimonial e arqueológico das intervenções a terem lugar na Quinta, incluindo intervenção da denominada arqueologia vertical nas Torres
 Atender aos indícios arqueológicos já registados na Carta Arqueológica do Concelho de Loures, para a movimentação dos solos

Outras considerações
Do ponto de vista ambiental e do ordenamento do território:
 Será indispensável considerar e cuidar das linhas de água que atravessem ou confinem com a área da Quinta;
 Qualificar a área verde de cedência;
 Determinar o transplante das oliveiras a remover, para outras áreas da Quinta que não dispõem da espécie;
 Indispensável fixar antecipadamente o número de fogos a construir para boa determinação do número de pessoas a impactar na freguesia, na área e no Município;
 Perspectivar a articulação da área da Quinta com o Passeio Ribeirinho do Tejo, previsto nascer sobre o sapal entre Santa Iria de Azóia e o Rio Trancão;

Do ponto de vista patrimonial:
Está-se perante um conjunto muito completo e importante de testemunhos históricos e de arte que importa salvaguardar e, posteriormente valorizar:
 a contemplação do rio Tejo e da sua lezíria;
 o tanque, que se constitui como espelho de água completa um conjunto de outros elementos que lhe concedem uma interessante função estética;
 azulejos de finais do século XVIII inícios do século XIX pavimento antigo formado por lajes de pedra de grandes dimensões a capela da Quinta na torre nascente, onde restam ainda vestígios dos nichos que assinalam o lugar dos altares;
 o que poderá ter sido símbolo da Ordem de Cristo, (muitos dos proprietários da Quinta, foram comendadores desta ordem) está visível numa pedra esculpida que se encontra no exterior;
 o corpo residencial perpendicular à casa das 2 torres, datará do século XVIII o picadeiro e o edifício adjacente a sul definem a forma e o ambiente nobre do pátio;
 reabilitação da Casa da Quinta, recuperação do Solar e das Cavalariças, proporcionando a investigação adequada;

Conclusões
Em conclusão, a ADAL entende que:
O território do Concelho de Loures e, em particular a sua zona oriental, foi durante muitas décadas vítima de usos e ocupações que o desvalorizaram e desqualificaram.
No século XXI, exige agora que todas as decisões a respeito da sua ocupação sejam informadas, ponderadas e participadas, obedecendo a uma visão de desenvolvimento que aposte não em mero crescimento, mas em desenvolvimento humano, nos termos definidos pelas Nações Unidas.
Os termos em que a Câmara Municipal de Loures definir a reabilitação e reutilização da Quinta da Massaroca será referência para visão que os munícipes e empreendedores adoptarão para o nosso território.