À descoberta do Forte de Sacavém

No quadro da iniciativa da ADAL, PELOS TRILHOS DO PATRIMÓNIO E DA NATUREZA,
no passado dia 24 de Junho, realizou-se uma visita ao Reduto do Monte-Cintra – Forte de Sacavém.

O programa, entre as 10 e as 13 horas, previa os seguintes passos:
1 – Boas vindas
2 – Início da visita ao Forte de Sacavém
3 – Visita à Exposição de Eduardo Nery
4 – Fim da visita ao Forte e início de um percurso pedonal (rio Trancão / painel de azulejos de Eduardo Nery / observação e análise de aspectos da requalificação da frente ribeirinha / estação ferroviária / regresso ao ponto de partida)

Dadas as boas vindas ao numeroso grupo participante, a recepção para a visita foi por Ana Carvalho Dias e João Nuno Reis, ambos técnicos da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC).

Foi-nos historiada a vida desta construção militar oitocentista, localizada num pequeno morro (denominado Monte Cintra), edificada no âmbito das obras de fortificação de Lisboa. Este reduto, detentor de uma posição estratégica privilegiada, era um importante apoio aos fortes de Almada e de São Julião da Barra, defendendo a linha de rio até Sacavém, bem como o vale de Odivelas e a serra de Monsanto.

A planta pentagonal irregular é circundada por um fosso e toda a sua estrutura cria a ilusão de um pequeno outeiro o que o torna quase invisível quando visto de uma altitude mais baixa.

Terminada a função militar, hoje, o Forte de Sacavém guarda dois dos maiores arquivos de património cultural e de arquitectura do país: o arquivo do Sistema de Informação para o Património Arquitetónico (SIPA) com um espólio documental composto por mais de um espólio documental composto por mais de 12 quilómetros de prateleiras de processos administrativos e de obra, 2 milhões de peças desenhadas e dois milhões de fotografias de edifícios e monumentos nacionais, bem como 50 Arquivos pessoais e espólios de destacados arquitetos, engenheiros, urbanistas e paisagistas como os de Gonçalo Ribeiro Telles, António Vianna Barreto ou Francisco Caldeira Cabral (1ª geração de arquitetos paisagistas portugueses).

Tudo isto nos foi explicado e mostrado com a muita competência e o muito entusiasmo dos técnicos da DGPC que há décadas salvaguardam todo o interior deste Tesouro.

O segundo momento da visita foi à “Exposição Eduardo Nery – Evocação da sua memória e legado.”
Notáveis. A concepção museográfica da Exposição, e, através dos trabalhos expostos a vida e obra de Eduardo Nery. Patente até 2 de Setembro, com visitas livres, a exposição é acompanhada de uma vasta programação a acontecer em diversos locais.
Ainda nos foi possível percorrer o exterior do Forte e apreciar a imensa vista sobre os rios Trancão e Tejo, as urbes de Sacavém, Parque das Nações e Bobadela, e observar as modificações que estão a acontecer nos terrenos para a recepção do evento católico
(JMJ).

A visita inicialmente prevista para uma hora e quinze minutos, dada a muita competência e o muito entusiasmo de Ana Carvalho Dias e João Nuno Reis (como já havíamos sublinhado) teve a duração aproximada de três horas. E zero cansaço.
Ficou assim por realizar o último item do programa inicialmente previsto: “início de um percurso pedonal (rio Trancão) / painel de azulejos de Eduardo Nery / observação e análise de aspectos da requalificação da frente ribeirinha / estação ferroviária”.

Mas, considerando que a ADAL tem na sua Missão contribuir e estar atenta à boa preservação do Ambiente e do Património, este item poderá acontecer após as JMJ …

PELOS TRILHOS DO PATRIMÓNIO E DA NATUREZA … entre a Igreja de Unhos e o Moinho da Apelação

Percurso pedonal entre Unhos e a Apelação | Pelos Trilhos do Património e da Natureza

No dia 28 de Maio de 2022, a ADAL realizou mais um percurso pedonal entre Unhos e Apelação, no quadro do seu programa «Pelos Trilhos do Património e da Natureza».

Os nossos sócios aceitaram o convite da ADAL e por isso tiveram oportunidade de, durante a manhã deste dia ensolarado, conhecer um outro ‘pedaço’ do território do nosso Concelho. Das excelentes vistas sobre a várzea de Loures, do imenso Mar da Palha e também a oportunidade de acrescentar conhecimento histórico e etnográfico.

O primeiro momento do percurso consistiu numa visita orientada à Igreja de São Silvestre, em Unhos, conduzida com grande competência pelo Dr. Jorge Aniceto, técnico da Câmara Municipal de Loures.

Ficámos a saber que a matriz de Unhos é uma igreja seiscentista, mas com a sua fundação em data muito anterior.

«Interiormente, a nave, ampla e de grande altura, é coberta por abóbada de berço [que] conserva o seu carácter de templo do século XVII. A Capela-mor possui um bom retábulo de talha dourada dessa época, cujos arcos, tais como os de Camarate, são formados por colunas torsas. Muito belos os dois anjos que, ao alto, seguram a custódia. À entrada da igreja, bonita pedra sepulcral armoriada e algumas outras inscrições tumulares do século XVII.» [AZEVEDO, Carlos de; FERRÃO, Julieta; GUSMÃO, Adriano de; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. III – Mafra, Loures, Vila Franca de Xira, Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1963, p.75]

Imediatamente a seguir, o nosso guia apresentou-nos o pintor Diogo de Contreiras (c.1500-1565) autor do programa decorativo – pinturas e tábuas – da Igreja de São Silvestre.

«Contreiras começou o seu ciclo de produção ainda no reinado de D. Manuel, em 1521, como figura secundária de uma das oficinas de Lisboa, executando decorações efémeras, entre as quais a que serviu de receção ao monarca quando do seu terceiro casamento. (…) A sua obra não é extensa, e conhece-se um núcleo em Unhos, outro em Almoster, outro ainda em Ourém. (…) Mas a qualidade manifestada, pese embora alguns desacertos de forma e de anatomia, pode ser atribuída a uma «licença» criativa que, mantendo a gravura como inspiração iconográfica direta, ganhava em autonomia, acentuando os jogos cromáticos e lumínicos e em dramatismo nos fundos e nos esfumados, que até então eram pouco ou nada praticados entre nós.» [PEREIRA, Paulo; Arte Portuguesa – história essencial; Lisboa, Temas e Debates/Círculo de Leitores, 2014, p.516/517]

A subida à torre sineira permitiu-nos observar um horizonte deslumbrante: a várzea de Loures, o percurso do rio Trancão, a encosta da serra de Santa Iria…e a vila de Unhos a fazer-nos esquecer a proximidade da grande cidade!

Seguiu-se a ‘caminhada’ até à segunda etapa da manhã: o moinho de vento da Apelação.

Foi um percurso íngreme, mas tranquilo, que nos propiciou a observação de uma paisagem mais urbana, polvilhada aqui e ali por alguma ‘ruralidade’.

No moinho o moleiro Francisco Jacinto fez-nos uma visita muito completa e muito competente a este ancestral ‘equipamento industrial’ recuperado em 1994 pelo Município de Loures (a par do Moinho das Covas, na freguesia da Ramada, então geograficamente no Concelho de Loures.)

Tal como a maioria dos moinhos da região da Estremadura, terá sido edificado no segundo quartel do século XVIII, pois as primeiras referências escritas surgem no ano de 1762. É um moinho característico do Sul do nosso país e insere-se na tipologia dos moinhos fixos de torre cilíndrica em alvenaria, com 3 pisos e dois casais de mós (para a moagem de milho e trigo). O capelo é móvel por meio de sarilho interior. Arma-se em 4 velas triangulares, presas às varas que irradiam do mastro. A rotação do mastro é feita através da entrosga (roda dentada) que transmite o movimento ao veio através de um carreto situado no centro do moinho.

Nesta visita ficámos a conhecer as funções de várias componentes do moinho e, talvez a grande curiosidade tenha sido a função dos búzios que estão colocados no cordame das varas. No interior foi-nos explicado todo o funcionamento do moinho na produção da farinha.

Concluída a visita, o grupo trouxe consigo duas “coisas” fundamentais: a importância da história antiga e a importância da etnografia viva. No primeiro caso, certamente estamos perante um “alimento espiritual” bastante rico. No segundo caso, estamos diante de um equipamento fundamental no passado, com um papel de relevância no presente e que não deixará de nos ser muito útil no futuro.

A ADAL e a comemoração do Dia Mundial do Ambiente

No passado dia 5 de Junho, exatamente para assinalar o Dia Mundial do Ambiente, no âmbito do Projecto «Pelos Trilhos do Património e da Natureza», 53 pessoas participaram no «Percurso pela Várzea de Loures» – orientado no terreno pelo nosso amigo Manuel Silva, com a intervenção qualificada das técnicas municipais, Tânia Mateus e Ana Raquel Silva, respectivamente no âmbito das políticas municipais de Planeamento e Museologia e Património.

Num percurso circular, de aproximadamente 10 quilómetros, foi possível observar toda a riqueza que existe na Várzea de Loures.

No que diz respeito ao património histórico, logo no início do percurso, foi-nos dada a oportunidade de visitar a muito interessante e nem sempre aberta ao público Igreja de São Julião e Santa Basilisa de Frielas.

Simultaneamente aqui aconteceu uma breve intervenção de Isabel Rodrigues, presidente da direção da ADAL, para apresentar sumariamente a Associação e sua dinâmica e informar aspectos práticos relativos ao percurso.

A circularidade da caminhada levou-nos ainda à histórica Praça Monumental de Santo Antão do Tojal e no final ao Sítio Arqueológico de Frielas.

Na parte inicial do percurso, diante de uma paisagem de cultivo esmagadora, os participantes ficaram a saber que anualmente, no que estavam a ver, são produzidas 40 mil toneladas de tomate de elevada qualidade e também milho. Já no retorno, na “baixa” de Unhos, com o Trancão ali tão perto, o grupo contactou, no sapal, com uma extensa área de cultivo.

Para terminar, a Água, que nas palavras de Herberto Helder «…é uma delicadíssima e exaltante matéria.»

Mas para todos nós também o é. Por isso, o Paul das Caniceiras em Santo Antão do Tojal, é uma das causas maiores da ADAL, que permanentemente vem sublinhado a premência da classificação patrimonial desta “jóia” do Concelho de Loures, que potenciará o seu valor ambiental.

Pela sua extensão de aproximadamente 14 hectares de área alagada, de habitat da espécie rara de peixe “Boga-de-boca-arqueada de Lisboa”, de local de refúgio e nidificação de espécies de aves, pela rara beleza paisagística, o Paul das Caniceiras foi um dos locais onde os participantes da caminhada mais tempo se detiveram a observar e a fotografar.

O dia 5 de Junho de 2021, Dia Mundial do Ambiente, foi simultaneamente, um grande momento de celebração e descoberta.

Pela Várzea de Loures | Dia 5 de Junho

No âmbito do projecto Pelos Trilhos do Património e da Natureza, a ADAL realiza no próximo dia 5 de Junho um percurso pedonal circular, com cerca de 10 km, que parte de Frielas, percorre a Várzea de Loures até ao Paul das Caniceiras, regressando a Frielas onde terminará junto à Villa Romana.

Venha comemorar o Dia Mundial do Ambiente na companhia da ADAL.

Distância: +/- 10 km | Duração: 3 horas aprox. | Percurso circular | Dificuldade:  Fácil

PONTO DE ENCONTRO: 9h30 junto à Igreja de São Julião e Santa Basilisa, Frielas

INSCRIÇÃO GRATUITA:  adaloures@gmail.com     Até dia 03 de Junho

Para efeitos de seguro solicitamos o envio dos seguintes dados: – Número Cartão de Cidadão – Nome completo – Data de Nascimento

Recomenda-se: Roupa adequada às condições meteorológicas previstas, calçado confortável, água.