DIA INTERNACIONAL DAS ZONAS HÚMIDAS | ADAL espera outra atitude da Câmara de Loures e respeito pelas zonas mais sensíveis

Hoje, dia 2 de Fevereiro, assinala-se o Dia Internacional das Zonas Húmidas.

A Câmara Municipal de Loures, curiosamente, não fez, até ao momento, qualquer referência ao assunto como – o que é pior – parece partilhar os propósitos daqueles que pretendem ver urbanizado cada palmo de terra.

É momento para recordar que a Câmara e Assembleia Municipal de Loures aprovaram resoluções, no já longínquo ano 2002, no sentido de integrar o Paul das Caniceiras – área do maior interesse ecológico na área metropolitana de Lisboa – na Reserva Ecológica Nacional.

Hoje, luta-se para evitar a destruição daquele património natural único, definindo uma Área Protegida de Âmbito Local/Regional. Todas as formações partidárias afirmaram o seu apoio a tal objectivo, mas o Município continua sem concretizar o necessário, que é de sua responsabilidade primeira.

De um modo geral, toda a rede hidrográfica do Concelho de Loures, bem como a frente ribeirinha do Tejo, mantêm-se como motivo de grande preocupação face aos renovados apetites urbanísticos e especulativos que visam contruir por todo lado, intensificando uma impermeabilização do território sem precedentes, com riscos insensatos e muito perigosos.

É preciso mudar de atitude, na Câmara Municipal de Loures, na CCDR-LVT e no Ministério do Ambiente. Loures não pode manter-se como a porta das traseiras da Capital.

Acção & Eco-Alerta

No passado dia 21 a ADAL completou 17 anos enquanto associação formalmente constituída.

Queremos assinalar esta data abordando o conjunto de diligências que, embora de
forma pouco visível, vamos mantendo permanente e persistentemente, que correspondem à nossa missão, e que expressam uma constante atenção sobre o que vai acontecendo no território. Estas diligências obrigam a uma estreita comunicação com um conjunto diversificado de entidades, quer solicitando-lhes informações para um mais rigoroso conhecimento das situações, quer alertando-as para as que precisam ser fiscalizadas e corrigidas.

É assim que, com frequência, conseguimos que os problemas identificados acabem por merecer o devido tratamento. Realçamos, por exemplo, a existência de uma estrutura em ruína na Zona Especial de Protecção – ZEP dos Aquedutos de Santo Antão do Tojal, os quais integram o conjunto patrimonial (Palácio da Mitra, Igreja, Quinta, Chafariz monumental, Aqueduto e Chafariz) classificado como Monumento de Interesse Público, ou o problema da instalação e funcionamento de um parque de contentores em Bucelas, que, como se concluiu, estavam em situação ilegal – num caso confirmando-se interferência na ZEP, noutro ausência de licença para o efeito.

Mas há muitos outros temas em acompanhamento junto da Câmara Municipal de Loures, CCDR LVT, Património Cultural IP, Agência Portuguesa de Ambiente – APA, ou outras entidades, seja para o acesso a informação, seja para tomada de medidas concretas de correcção ou salvaguarda. Damos a conhecer alguns desses temas:

  • Convento Nossa Senhora dos Mártires e da Conceição dos Milagres
  • Projectos para a antiga Covina
  • Saída da A1 na Bobadela
  • Palácio barroco e Quinta do Alexandre (Sacavém)
  • Manutenção e gestão do Castelo de Pirescoxe
  • Mouchão da Póvoa
  • Fonte das Almoínhas
  • Aqueduto de Loures
  • Ocupações ilegais das margens do rio Trancão
  • Assoreamento do rio Trancão
  • Utilização de águas residuais tratadas nas ETAR
  • Instrumento de gestão para a globalidade da Frente Ribeirinha
  • Parque de contentores na Apelação

A participação de todos os associados, de todos os munícipes, neste esforço contínuo é essencial para que consigamos manter uma adequada vigilância sobre o território, pela salvaguarda do seus Recursos Naturais e Culturais, pelo Ambiente, pelo Património, por uma melhor qualidade de vida.

Convidamo-vos a entrar aqui https://adaloures.pt/breve-historia/ para uma viagem no ‘nosso’ tempo.

Do património deslocalizado em São Julião do Tojal 

O património, quando deslocalizado do seu lugar de origem, retirado do seu ambiente primicial para o qual foi idealizado e executado, corre o risco de assumir uma pluralidade imensa de identidades sem as certezas que tanto gostaríamos de ter. Nele podemos reconhecer inúmeras experiências e infindáveis histórias ou deduções que em muito enriquecem os debates e o trabalho da academia. É exatamente por isso, porque a ‘coisa’ antiga pode ser renovada no seu interesse, que nunca devemos perder a capacidade de nos surpreendermos com encontros inesperados com esse mesmo património que tem certamente muito a contar.

Assim acontece com uma peça evidentemente extraída do seu contexto inicial, que se encontra localizada sobreposta e de algum modo inclusa pelo tempo, num pequeno muro no cemitério da localidade de São Julião do Tojal, concelho de Loures. Quando entramos neste espaço, do lado esquerdo, sobre o antigo muro delimitador do cemitério, vemos o que parece ser uma grande pedra branca, com traços de escultura, cuja definição só é possível obter quando nos aproximamos dela. Trata-se de uma peça artisticamente talhada em pedra calcária branca, bastante marcada pela erosão do tempo e do desgaste que a cal aplicada ao longo de anos foi queimando, com uma representação humana cujo detalhe se parece ter perdido ao longo dos anos, mas que mantém de algum modo incólume a sugestão de quem pretende representar. Foi essa perceção que me foi detendo ao longo de vários anos, até que agora se impõe dela falar, dando a conhecer ao público geral um eventual resquício do que outrora possa ter sido uma encomenda notável de escultura aparentemente barroca. 

Trata-se, por comparação com outros modelos, e de acordo com a tratadística artística cristã ocidental europeia desde a renascença, de Paulo de Tarso. Basta que nos detenhamos um pouco diante da escultura e logo vemos o movimento do panejamento discreto, e dos braços que ora detêm do lado esquerdo um livro que evocará os escritos do apóstolo, e do lado direito, embora incompleto, podemos imaginar como seguraria a espada, como símbolo da autoridade apostólica. 

Com pouco mais que 1m de altura, a escultura em questão que aqui se refere, remete-nos para um leque alargado de inspirações que pela Europa circulavam desde o século XVI, e que no período áureo do século XVIII vão marcar profundamente a cultura portuguesa, com um especial enfoque em Lisboa e nos seus arredores. Penso em Santo Antão do Tojal onde o Palácio dos Arcebispos foi reabilitado e repensado ao gosto de Tomás de Almeida, primeiro Patriarca de Lisboa, profundo admirador da cultura italiana que inspirava constantemente as cortes e as sociedades europeias. Bem sabemos das encomendas de arte para a Patriarcal em Lisboa, para o Real Edifício de Mafra, ou para a Igreja de São Roque, e de como foram fundamentais como afirmação política e religiosa num território em transformação social que parecia crescer cada vez mais aos olhos das demais praças europeias. Assim, urge compreender e estudar em detalhe esta peça aleatoriamente esquecida e que quem sabe, poderá ter pertencido a um conjunto escultórico entretanto dispersado, ou provavelmente tratar-se-á de uma peça encomendada especificamente para uma utilidade devocional e simbólica. A escala, a expressão, o movimento e o significado em si mesmo, levam-nos a questionar como pode ter ido ali parar aquela imagem paulina. Seria da Capela do Espírito Santo, fronteira à Igreja Paroquial de São Julião do Tojal, ou seria desta mesma igreja, ou antes, teria pertencido à de Santo Antão do Tojal?  

E quanto aos indicadores que só uma análise mais cuidada podem aprofundar, como o da eventual coloração, ou de como seria a imagem quando completa? 

Estas e outras questões surgem, mas a maior de todas é esta, de até quando se deixará destruir esta imagem? Proponho que possa ser estudada uma solução de reintegração em contexto museográfico, podendo ser alvo de um estudo multidisciplinar, ainda que sujeito às possibilidades que as questões económicas imponham, permitindo a sua salvaguarda e em simultâneo, a sua divulgação, uma vez que se tende a perder sem que mais dela se saiba, e se possa conhecer na situação atual. Quem sabe o que viremos a aprender com o este “São Paulo Perdido” de São Julião do Tojal!

Duarte Morgadoassociado da ADAL

(Os artigos de Opinião aqui publicados  são da responsabilidade dos seus autores e podem não reflectir as posições da ADAL).

Protocolo de colaboração com a Gesloures

Informamos todos os associados que o Protocolo de Colaboração entre a ADAL e a
GesLoures foi renovado para a presente época desportiva.

Através deste Protocolo, a GesLoures concede aos associados da ADAL um desconto de 15% sobre o valor das mensalidades relativas à frequência de actividades em regime de utilização individual.

Para tal, deverão os interessados solicitar, via adaloures@gmail.com, um comprovativo da sua situação de associado para apresentação na GesLoures.

Faça desporto aproveitando as vantagens que este Protocolo lhe dá!